Dos inimigos mais intensos que tive (e tenho), o espelho é um dos piores. Depois de um tempo odiando, passo para a fase de admiração de qualquer rival. Ele vira a arma, e é quando preciso ter mais controle pra não cometer suicídio. E ele é sempre muito bonito, porque se nivela aqui, no meu peito. Sou derrotada se nivelar pela cabeça, venço se souber dançar sozinha e sem olhar o reflexo do meu corpo, pele, cabelo e mente pelo salão iluminado.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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