Como se não bastasse os vários seres que crio aqui dentro, a fim de não me sentir sozinha, não consigo dormir sem conversar um pouco. Ensaio conversas do dia seguinte, me declaro antes com medo de errar, peço perdão tentando me explicar, faço planos pra amanhã de noite, pro fim de semana, pra casa que vou comprar, a cor do quarto da menina, ou do menino (e acabo ficando no amarelo mesmo, amarelo pastel vai muito bem pros dois!). Falo das coisas que nunca disse a minha mãe, ás vezes choro um pouco, e volto para a parte em que meu futuro vai muito bem. Sempre com esse ar de quem quer mais, mas lá no fundo são só planos. Não que sejam poucos, ou que sejam só. É que pensar assim, encurta o caminho que na verdade é cheio de curvas, e obstáculos. Vou passar por eles, é claro. Mas saber o que me espera, e me espera porque eu quero, é uma das melhores coisas que descobri antes de pegar no sono.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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