"Lembro como se fosse hoje. Eu trabalhava no escritório de Roberto Moura, fiquei no hospital municipal a noite quase toda acordado sentado num banco de ardósia esperando você nascer. Torcendo por você e sua mãe. Então você nasceu... amanhecendo o dia. Tudo correu bem, então eu saí e tomei uma Kaiser no restaurante skina aqui no canaan. Valeu a pena!"
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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