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[Por dentro, em chamas. É, fogo mesmo. Mas alguma coisa deixa intacto aqui dentro, e por isso talvez me queime o peito, mas é somente isso. Não quero ferir ninguém. Não quero estar no lugar, talvez de outra pessoa. Não sou de me esforçar pra assim chamar atenção. Me noto na própria ausência. Se me notam, nem fico sabendo. Não explodo fácil, se quer uma faísca minha aparece a qualquer um. Se brilho e esquento aos gritos quando me acalentam, do contrário não me mexo, pra não incomodar. Posso ser discreta até deixar de ser. Posso deixar tudo vivo e vibrante, com o rosto calmo, sem tanto parecer, porque o calor é bom quando vem aos poucos. O aconchego sutil, a respiração tranquila não apagam e nem deixam as chamas sob perigo. Posso deixar o fogo aceso sem mostrar a ninguém. Mas fogo, depois que se mostra, pode não ser mais nada. Se vier de repente, fugaz ou exageradamente, perde a graça, acostuma-se. Até se queimar. Mas jamais chega nessa parte. Eu me queimo por dentro, escondendo qualquer perigo. O cortejo custa caro. Amo, queimo e de forma bonita o coração derrete. Na falta excessiva de calor,  vira brasa, pó. Nem me lembro mais como começa de novo.]

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