Não queria começar a escrever ainda no Brasil. Tenho a sensação de que pioraria a situação que me encontro, soltando frases nostálgicas e remetendo também a um passado frustrante, cruel e traumático. Mas cá estou, fraseando. Simplesmente porque crio uma introdução de um longo texto a cada noite antes de dormir, mas sem anotar nada, choro um pouco e deixo o sono levar. Deixar de falar nunca fez bem. Mas descobri que me mostro com uma seriedade antes nunca vista. Pessoas olham pra mim e, tratam meus sentimentos a sério porque assim exijo a quem me importa. E ao aprender, ouvir e assistir esse respeito ao que sinto, as coisas ficam no controle. Mesmo que a dor das partes difíceis lateje um pouco aos fins de semana.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
Comentários