"Eu cheguei em casa ontem morto de dor de cabeça, deitei e fiquei no quarto até hoje de manhã. Quando saí do quarto hoje, percebi que você tinha tirado as coisas do seu quarto. Tirado as fotos da parede. Tirados os frascos do banheiro. Foi ruim. A luz da casa tá estranha sem sua cortina salmão."
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
Comentários