Na solidão, meu quarto ganha vida. Não conversa, mas sente tudo, respira, me inspira e me solta devagar na cama, o travesseiro afunda e se molha quando viro meu rosto para outro lado. Esses lençóis que sabem mais do que qualquer humano sobre quem sou. Minha bagunça na mesa que conhece cada passo que dei e talvez a cada chute que eu dava sem querer na beirada da cama, era um sinal de que alguma coisa não ia bem. Cada chute, talvez fosse parte desse processo. Uma dor de cada vez. Mesmo que eu acordasse esperançosa no outro dia de sol e lembrasse do antigo pessimismo. Mais tarde eu teria mais uma hematoma em algum lugar. Uma dor afeta um lado, outra afeta outro, até que assim eu conseguisse enxergar melhor onde raios eu estava pisando.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
Comentários