- Nós Sofia, somos egoístas! - Meu pai dizia, tentando explicar. Eu chorava e questionava, mais e mais. 
- Não pai, eu não quero ver ninguém infeliz não... se assim ela estiver mais feliz, que seja. Eu só queria que não me magoasse tanto, mentir, esconder, culpar, fugir... No mais, eu quero felicidade pra todo mundo. - Cheguei a me envergonhar pelo tanto que chorei, pelo tanto que dói agora, me envergonhei da minha amiga que acabou de perder o pai, e da outra que está com a mãe no hospital mas não pode fazer nada do outro lado do mapa. Mas veja bem, que vergonha não é chorar. Ouvi da boca do meu pai, que se eu não tivesse me entregado, não teria sido feliz. Se eu não tivesse confiado, não teria amado de verdade. E é esse o preço que se paga. Vou aprendendo a crescer inevitavelmente com meus pais. Eles me disseram que o coração da gente se enche de calos, que as pessoas o calejam com todos os erros. E que com o tempo, já não se sente muita dor. Eu, que me atrasei na vida em me apaixonar e amar, hoje me sinto uma adolescente perdida, num mundo adulto muito mais complexo. E como é complexo meu coração, nem eu mesma sabia. 



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