Depois do aeroporto, depois do primeiro prato à brasileira, depois de todos os abraços “meu-deus-depois-de-um-ano-e-meio”, eu fui para o lugar mais clichê, mais óbvio e mais urgente: meu quarto. Fiquei feliz pelo ventilador na parede porque o calor me derretia - e continua me derretendo. Deitei na cama e depois tratei de procurar alguns bilhetes espalhados entre as roupas nas malas. Eu sabia que encontraria e já me sentia em pânico. Ou sentia amor, mas com saudade. E um pouco de tristeza também. Me perguntei algumas vezes como sempre faço, o porque de tudo isso acontecer - de novo - com alguém que só precisava aprender a ficar sozinha. E quando acreditei que voltar seria apenas voltar, encontro uma carta com frases que eu não esperava ler, mas que dizia exatamente o que eu sentia. Quando tenho um pacote de carinho dentro de mim, eu faço questão de usá-lo com a pessoa que acredito ser a certa. Caso eu não receba de volta, eu tenho a consciência de que preciso seguir o caminho do rio, sozinha. Acreditei que estava fazendo isso, até que abri aquele bolso com um par de tênis e um papel branco caiu. Até que recebi mensagens para que eu mantivesse contato. Até que passei o dia dentro do quarto conhecendo uma nova casa e uma nova família pela tela do computador - meu karma. Então eu volto a pensar que se as coisas aconteceram assim, foi porque elas precisavam acontecer assim. E aceito. Mas sinto muito falta de tudo. Principalmente de todos os segundos em que eu ouvia aquelas expressões gregas misturadas ao português de aprendiz.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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