Angela liga a câmera e começa a andar pelos corredores. Cumprimenta pessoas, faz elas me dizerem oi, me mostra o céu e como está o tempo, muito claro, nublado, aquela cidade pequena e fria geralmente. É tudo tão novo que não me importo de mergulhar intensamente. Eu me apaixonei e escondi de mim de forma sensata, era o melhor a fazer naquele momento. Mas, nunca tinha tido alguém tão sem medo de amar que nem ela, mesmo na incerteza do futuro. Lembramos cotidianamente de todas as festas ou dias ruins em que passamos naquela cama, nos bares, na biblioteca tentando entender artigos e projetos. Ninguém é superior a ninguém. Ninguém tem medo mais, de nada. Contamos os dias que faltam pro próximo abraço. E sinceramente, preferimos não ouvir os zumbidos estranhos que ás vezes tentam soltar. Deixa a gente ser e estar.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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