Era minha última semana ali. O almoço de despedida que planejamos foi lindo, mas depois disso o sono bateu e mesmo com tanto a fazer nós duas dormimos. Acordei e já estava escuro, na verdade devia ser cinco horas, mas com o inverno presente a noite chegava rápido. Com a sombra do jardim lá fora, eu via nossas silhuetas na cama. Tentando não chorar, comecei a fazer um cachorrinho com a forma da minha mão usando a sombras e olhando pro teto. Era a coisa mais ridícula a fazer mas não havia escolha. Quando ela acordou, nós rimos juntas até o silêncio chegar, e desse momento pra frente, não tive escolhas: caí aos prantos, e sem falar nada, ela me abraçou e apertou minha mão, até eu deixar sair tudo. De fato congelei aquela cena, e as sombras das listras da cortina no seu rosto. Mas nada será como esse dia.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
Comentários