De volta ao exílio. Mas com liberdade demais.

Percebi que só volto aqui quando me sinto uma penugem solta no ar. Sem chão mesmo. Isso precisa mudar e então resolvi me estabilizar melhor para entender tudo à minha volta. 

Passei dois anos vivendo uma luta incessante para viver novas aventuras. Tinha um novo amor, o qual citei uma ou duas vezes, e me guardei em silêncio para muita gente sobre isso, a fim de evitar tantos comentários sobre mais um namoro à distância. Deu certo, até o dia do fim. O ano de dois mil e dezessete foi dolorido, muito trabalho, uma vontade louca de ter aquele amor pra sempre, pouco dinheiro e vários momentos de descobertas. No fim, eu tinha quase tudo nas mãos: um programa de trabalho fora do país, passagem, malas prontas. Ela resolvera voltar para casa, no mesmo país que eu iria, porém a três horas de fuso. Era o fim. Acho que nos prolongamos até mais do que devíamos. Me machucou chegar na Califórnia e lidar com o fato de sua voz, sempre calma, me dizer que mereço outra pessoa. Alguém... disponível.

Ainda sigo em luto, em partes, com um sorriso no rosto. Ainda não me caiu a ficha de que ficaram em casa meus pais, irmãos, o cachorro mais feliz do mundo, uma tia em tratamento, vários primos em aflito. Falta emprego e união, mas de qualquer forma, esse ano terá copa e eleição no sul. Por isso não tenho coragem de reclamar de muita coisa. Sigo com o coração latejando, em silêncio. Trabalho todos os dias e andando pelas ruas eu ainda procuro o rosto dela. É normal, não me culpo nem me odeio. Sei que mesmo que eu a encontre por aí, nada será como antes. Tudo se foi, e por isso também preciso deixar ir. 

Sei que meu tempo aqui é desconhecido, mas sei que será de um enorme conhecimento pessoal. Por isso insisto no exílio, que tampouco se parece com exílio se visto de fora. Mal cheguei e foram algumas pancadas no estômago, uns abraços desconhecidos (mas bem-vindos) e esse rolar das pedras no tabuleiro, ora me mostrando o caminho, ora me surpreendendo.

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