Três anos depois

 Três anos distante daqui. Mas a angústia do momento em que vivemos me faz querer voltar a escrever. Mesmo que ninguém leia isso. 

Comecei esse blog assim que eu tive acesso à internet pela primeira vez, 2009. Deixei aqui marcados os momentos marcantes de um fim de adolescência conturbado, com o início da vida adulta. Foi tudo como uma bomba. Uma bomba atrás de outra. Tanta coisa nova pra que eu me adaptasse que hoje acredito ter sossegado em mim, o choque ou a surpresa. 

Mas a gente não acostuma, na verdade internalizamos a maioria das grandes mudanças. “Aceito e agradeço” diríamos em um post de mais uma nova rede social. E tendo o privilégio de pagar por terapias, análises e conversas com profissionais de saúde, eu percebi o quanto é importante que eu comunique e expresse o que eu sinto. 

Pra quem não sabe (ironia) estamos todos no meio de uma pandemia. E com ela, ficamos mais tempo em casa, sem poder ter contato com pessoas “fora da bolha”. Daqui a um mês, faço um ano de pandemia e lockdowns, entre idas e vindas de ondas mais ou menos perigosas. Pra quem não sabe, eu me mudei para a Inglaterra há 11 meses, e com isso conheço muito pouco da realidade de um país que se transformava socialmente diante dessas circunstâncias. Com tudo isso, a comunicação que tenho com as pessoas parece muito limitada, restrita. Não só pela língua e códigos sociais que não tive sequer tempo de assimilar (além de assistir a séries e filmes), mas também pela alta necessidade de estar on-line, para qualquer atividade diária, fazendo de aulas on-line, reuniões de vídeo e mensagens de voz coisas quase que insuportáveis caso você só queira... falar sobre a vida. 

Daí eu descobri que minha comunicação esta falha. Eu sinto preguiça de me expressar. Porque as pessoas sentem fadiga em me ouvir falando por 3 minutos em uma mensagem de voz. Porque minha internet tem ficado péssima e com isso chamadas de vídeo travam e desligamos frustrados. E porque inglês é uma língua em que eu aprendi de verdade há seis anos apenas. Como uma criança de sete anos se expressaria se não saísse de casa todos os dias, não fosse para a escola e não tivesse pais presentes diariamente? É mais ou menos isso. 

Daqui a dois meses faço 30 anos porém. E falar isso me causa um espanto sem fim. Mas isso é assunto pra outro post. 


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