Eu adoro sua bicicleta. A cor, os detalhes. E adoro cada trajeto que ela faz. Quando me coloca na garupa, me pede pra segurar firme, porque estarei mais segura assim, eu sinto o vento bater forte em mim. E olha, em você deve ser até mais forte não é? Em todas as curvas acentuadas, malucas e nessas ruas esburacadas chega a ser engraçado quase cair. Eu só temo uma coisa. É você quem tá na frente, e se um dia a gente desequilibrar... tenho medo de que machuque mais do que eu.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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